Você acorda com a melhor das intenções. Hoje será o dia da virada. Você vai organizar a planilha financeira, responder os e-mails atrasados e finalmente começar aquele curso que comprou há meses. Você senta, pega o café e, de repente, uma notificação no celular te leva a um vídeo, que te lembra de uma pesquisa no Google, que te faz levantar para beber água… Três horas depois, a planilha está em branco e você se sente exausto, frustrado e improdutivo.

Se essa cena soa dolorosamente familiar, eu preciso te dizer algo importante: Você não é preguiçoso. Você não é irresponsável. E você não é “burro”. É muito provável que o seu cérebro funcione com um sistema operacional diferente. Estamos falando do TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) na vida adulta. Muitos acreditam que o TDAH é “coisa de criança” e que desaparece com a idade. Isso é um mito. O que acontece é que a hiperatividade física da infância (o menino que sobe nas cadeiras) se transforma em uma hiperatividade mental no adulto. É como ter 30 abas de navegador abertas simultaneamente na sua mente, tocando músicas diferentes, e você não consegue encontrar o botão de “pausa”.

O adulto com TDAH não tratado vive o que chamamos de “cemitério de projetos”. O início de qualquer atividade gera uma descarga de dopamina (o hormônio do prazer e motivação), mas assim que a novidade passa e a rotina começa, o cérebro “desliga”. Isso resulta em faculdades trancadas, empresas que não saíram do papel e relacionamentos instáveis.

O impacto na autoestima é devastador. Você passa a vida ouvindo que “tem muito potencial, mas não se esforça”, e acaba acreditando que o problema é uma falha no seu caráter. Mas a ciência nos mostra que é uma questão neurobiológica: uma desregulação na forma como seu cérebro processa a dopamina e a noradrenalina nas áreas responsáveis pelo foco e controle de impulsos.

A boa notícia é que o tratamento para TDAH é um dos mais eficazes da psiquiatria. Com o diagnóstico correto, psicoeducação e, quando necessário, medicação, é como colocar óculos de grau pela primeira vez. O mundo entra em foco. Você consegue priorizar, executar e finalizar.

Não aceite viver abaixo do seu potencial. Vamos investigar o que realmente está acontecendo.

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